No Brasil, metade das vítimas de mortes violentas fez o uso de alguma droga - incluindo remédios ou bebidas alcóolicas - antes de morrer. É o que mostra uma pesquisa da USP, a Universidade de São Paulo.
Um estado alterado de consciência que pode levar a um desfecho trágico. Pode ser uma briga na rua, um acidente de trânsito ou até a decisão de tirar a própria vida. A pesquisa feita na Universidade de Medicina da USP mostrou que metade dessas mortes violentas tem relação com o abuso de álcool e drogas.
“Podem acabar ingerindo álcool e outras drogas, tentar atravessar a rua, por exemplo, e acabar ainda o óbito por atropelamento”, explicou o biomédico e pesquisador da USP Henrique Bombana.
O estudo analisou mais de 4 mil vítimas de quatro regiões metropolitanas: Belém, Recife, Vitória e Curitiba.
As amostras coletadas em outros estados foram trazidas para este laboratório da Faculdade de Medicina da USP. Com ajuda desse equipamento, os pesquisadores identificaram as substâncias presentes no sangue das vítimas.
Cerca de 38% das pessoas que morreram em acidentes de transito tinham ingerido álcool. Quase 30% dos que cometeram suicídio estavam tomando benzodiazepínicos, que são remédios pra anisedade e insonia, como diazepam, rivotril e lexotan. Entre as vítimas de assassinato, 36% usavam cocaína.
“A cocaína é um estimulante e essa estimulação vai causar uma certa euforia, uma certa perda de percepção de alguns riscos que podem levar a pessoa à morte ou ser colocada numa situação de maior periculosidade para o óbito, como, por exemplo, uma briga, algum desentendimento. Toda a questão do tráfico de droga, de venda, compra pode acabar levando ao óbito também”, afirmou Henrique.
O estudo foi financiado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os dados devem ajudar o governo na elaboração de ações e campanhas para reduzir a dependência de álcool e outras drogas.